Juscelino Souza A TARDE
As férias de fim de ano da estudante Kellen Jakeliny Brandão Gomes nem começaram, mas prometem ser inesquecíveis. Pelo menos no quesito transtorno, por causa do apagão aéreo, que, no caso dela, transformou-a em protagonista de uma espera que dura mais de 24 horas no aeroporto de Vitória da Conquista (a 509 km de Salvador).
Tudo começou na manhã de segunda-feira última, quando o Fokker 50 da OceanAir que deveria decolar do Aeroporto Pedro Otacílio de Figueiredo com destino a Salvador apresentou uma pane e teve que permanecer na pista para manutenção mecânica. Era o vôo de Kellen, que tinha passagem marcada de Salvador para o Rio de Janeiro. Além dela, outros 21 passageiros que deixaram Montes Claros (MG), com escala em Conquista, viveram situação idêntica.
Mesmo a empresa tendo providenciado hotel para o grupo, muitos protestaram contra os sucessivos problemas envolvendo aviões da OceanAir. Até o final da tarde desta terça-feira, 11, o Fokker 50, prefixo PR- OAW, recebia manutenção dos mecânicos e técnicos. O problema foi detectado na pista de pouso por volta do meio-dia, e imediatamente o piloto comunicou à torre a impossibilidade de seguir viagem.
Atraso – O avião substituto só conseguiu decolar às 23 horas de segunda-feira, mas, como já havia perdido vôo para o Rio, Kellen foi obrigada a ficar mais um dia na cidade, em companhia do filho de apenas 1 ano. Na tarde desta terça, o quadro não foi diferente.
Em mais um dia de atraso, o vôo das 15h30 só deixou Vitória da Conquista com uma hora e meia de atraso. Estava instituído o sexto transtorno consecutivo em menos de um mês com aviões da OceanAir em Conquista. “Nem bem entrei de férias e já enfrento isso tudo”, lamentou a passageira, que, além de transferir a passagem, perdeu compromissos e reuniões de família no Rio. “Minha cunhada já estava me esperando para o jantar. Fica para a próxima”, desabafa.
“Olha, esta é a terceira vez que viajo pela OceanAir e este é o primeiro problema que enfrento, mas meu marido, que vai viajar nos próximos dias, está receoso com tantos problemas com aviões aqui em Conquista”, emendou.
O médico Cristhian Pires Andrade também disse ter enfrentado problemas em seu vôo, no dia 6 último. “Peguei um vôo de Conquista para Belo Horizonte e, para minha surpresa, quando aterrissamos em Montes Claros, a aeronave já estava quase parando quando acelerou os motores, num momento, acho, descabido, e foi então pedido que todos os passageiros desembarcassem porque o comandante faria uma série de checagens nos motores”, relata.
Andrade disse que, após uma hora de espera em Montes Claros, foi informado de que o grupo poderia seguir viagem no mesmo vôo. “Estavam comigo minha mãe e minha esposa, e entramos todos apreensivos na aeronave novamente. Minha mãe já tem certa idade e ficou nervosíssima”.
Retornando de Belo Horizonte segunda-feira última, pela mesma companhia, após pousar em Conquista, o médico foi avisado de que o avião não seguiria viagem pra Salvador. “Pra mim, está bem claro que esse avião não pode voar é para lugar nenhum, está dando defeito a todo o momento . E não acho que sejam só os painéis, não”.
Segundo Andrade, “não dá pra voar num equipamento que está com problemas, pagamos passagens caríssimas para ainda correr riscos de voar em aviões usados e com problemas”. Ele sugere ao Ministério Público adotar medidas cabíveis com relação ao casos sucessivos. “Fiquei de plantão no Hospital Esaú Matos da hora que desci do avião até hoje pela manhã, e ao passar ao lado do aeroporto, o mesmo avião ainda estava lá estacionado, e, pela ‘cara’ dele, acho que está pedindo aposentadoria”, ironizou o médico, temendo um acidente.
Outro lado – A equipe de reportagem procurou a empresa, mas, no guichê da companheira, a informação é a de que os funcionários não estão autorizados a falar sobre o assunto.