quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Próteses falsas podem ter sido vendidas em Conquista

Da Redação

O pastor evangélico Cláudio Emídio Neto, preso pela Polícia Federal (PF) em sua casa na cidade de Petrolina (PE), há cerca de um mês, por posse e venda de material cirúrgico falsificado – próteses e órteses –, além de material ortopédico de procedência ignorada e sem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), pode ter vendido seus produtos em Vitória da Conquista.
Emídio, que, segundo informações de pessoas que se relacionaram com ele na época em que residiu na cidade, entre 2002 e 2006, tinha um escritório na avenida Presidente Dutra e sua empresa, cujo nome não foi divulgado, não tinha registro da Anvisa, segundo a PF. Emídio, de acordo com pastores da Comunidade Deus Vivo e da Comunidade Cristã, congregou por dois anos em cada uma dessas instituições religiosas.
Os pastores pediram sigilo dos nomes por temerem prejuízo às suas pessoas e as instituições as quais representam. Eles informaram que Emídio não transmitia desconfiança, mas que, com o decorrer dos anos foi gerando insatisfações dentro das comunidades, o que provocou o seu afastamento.
Um membro da Comunidade Cristã, que tem sede no bairro Candeias, aceitou gravar entrevista com a condição de que seu nome fosse mantido em sigilo. Segundo disse, Emídio era amigo do médico Carlos Eduardo Ferreira, do Instituto de Traumato-Ortopedia e pode ter enganado o profissional ao vender as próteses falsificadas.
Procurado por duas vezes, o médico informou, por meio de sua secretária, de pré-nome Talita, que não poderia atender porque tinha de fazer atendimentos e dar aulas. O contato do jornal foi deixado com a secretária para que o médico desse retorno ao pedido de entrevista, mas até o fechamento desta edição não foi dado resposta.


ENTREVISTA
“Ele dizia que representava e distribuía”

A notícia da prisão de Cláudio Emídio Neto abalou a comunidade cristã evangélica, que ficou sabendo do fato por meio da internet. Todos os evangélicos que conversaram com o jornal O PLANALTO preferiram guardar sigilo e apenas um gravou entrevista. Aqui, ele será chamado de Ivo, que diz ser da Comunidade Cristã.

O PLANALTO – Que tipo de contato você teve com o pastor Cláudio Emídio Neto?
IVO – Eu congrego na comunidade desde o ano 2000 e ele começou a aparecer por meio do contato do pastor Evandro Trindade. Na época, houve um pastor que se desligou de lá porque não concordava com ele [Emídio]. Era um homem que tinha posses. Começou como membro e depois passou a ser pastor. Ele teve total privilégio para conduzir o rebanho. Disseram para a gente confiar nele, que já era revendedor de prótese e tinha uma amizade muito interessante com o médico Carlos [Eduardo Ferreira].

OP – Você sabia dessas próteses?
IVO – Uma vez ele me convidou para fazer viagens de vendas. Mas as vendas eram feitas mais pela internet. Nós entrávamos na casa dele. Uma pessoa ou outra indagava se ele fazia próteses e ele dizia que representava e distribuía. Ele era sem identidade, não se permitia fotografar. Deram muita confiança a uma pessoa que ninguém nunca viu. Ele negava o dízimo, não cobrava. Era contra o PT e chegou a afirmar que qualquer estrela de cinco pontas era do diabo.


OPERAÇÃO METALOSE
Material falsificado leva a amputação de membros

A Polícia Federal e a Anvisa desencadearam as investigações sobre a falsificação de próteses ortopédicas fabricadas sem higiene ou segurança no fim do ano passado em 12 cidades de quatro Estados brasileiros.
Foram expedidos 26 mandados de busca e apreensão e cinco pessoas já foram presas: quatro em São Paulo e uma em Pernambuco. De acordo com o delegado José Navas Jr., chefe da investigação, as próteses eram produzidas em ambientes sem a menor condição sanitária. “Eram verdadeiras fundições”, disse.
O esquema funcionava de forma simples. Fábricas de produtos médicos, sem registro para produzir próteses, contratavam essas fundições para fazê-las em seu lugar. Normalmente longe dos grandes centros urbanos, essas fábricas de fundo de quintal não levantavam suspeitas.
A operação da PF, denominada de “Operação Metalose” descobriu que algumas delas anunciavam seus produtos pela internet e chegaram a exportar as próteses falsificadas. Naves explica que, na maioria das vezes, o processo todo acontecia com a concordância de médicos e das empresas de distribuição de produtos hospitalares. O delegado não quis divulgar o nome das empresas falsificadoras para não atrapalhar as investigações.
Os implantes deveriam durar até 15 anos. Em menos de cinco, no entanto, uma reação chamada metalose (rejeição do organismo ao metal) corroía os ossos e as próteses de titânio colocadas nos pacientes. A conseqüência para muitos deles: amputação de uma perna ou um braço.
A adulteração e a falsificação de produtos sujeitos à vigilância sanitária é crime hediondo contra a saúde pública. Os indiciados podem ser condenados a penas de dez a 15 anos de prisão.



Queda no nível do sobradinho expõe esqueleto de cidade submersa


Do A TARDE

A baixa constante do nível do Lago Sobradinho (556 quilômetros de Salvador) trouxe de volta aos olhos da população e visitantes a antiga cidade que foi submersa juntamente com Pilão Arcado, Casa Nova e Sento Sé na década de 70. O reservatório está atualmente com 14,5% de sua capacidade total e fez com que a margem do rio e Remanso (710 quilômetros de Salvador) se distanciasse cerca de seis quilômetros.
A situação fez com que o município precisasse aumentar a extensão de canos e as bombas d’água fossem mudadas de lugar para que o abastecimento não ficasse prejudicado. Ainda assim, o município já registra três dias sem água nas torneiras e as pessoas estão apelando aos carros pipa para levar água até as residências e comércios. O município que tem 38 mil habitantes já viveu período semelhante.
A vista reserva a quem nunca viu, ruínas do antigo mercado municipal, residências, duas caixas d’água ainda estão de pé, ferragens fincadas na areia, restos de manilhas. Vegetação branca, empoeirada e terreno nem sempre firme fazem parte do cenário exposto. O sol se escondendo dá o efeito ideal para quem, nostalgicamente, resolve parar para olhar o que antes era Vila Remanso e em 1900 virou cidade de Remanso.

Conquista ganha livro sobre turismo local


Da redação

O Coordenador do Curso de Turismo da Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC) de Conquista, Marcos Vinícius Januário, e a professora do curso, Silvana Toledo de Oliveira, lançaram semana passada o livro “Turismo e Hospitalidade no Sudoeste da Bahia”. É o primeiro livro sobre o tema em Vitória da Conquista e região Sudoeste.
Organizadores da publicação, o professor Marcos e a professora Silvana reuniram artigos de professores e estudantes da FTC Conquista, traçando um panorama sobre a realidade e o potencial do turismo na região.
“O objetivo é divulgar o curso, a pesquisa na região e a seriedade de alunos e professores”, explica o professor Marcos. A produção do livro durou um ano, período em que os estudantes foram orientados metodologicamente e os melhores trabalhos foram selecionados.
“Turismo e Hospitalidade no Sudoeste da Bahia” tem como público-alvo pesquisadores, estudantes, turismólogos e empresários do setor. O livro pode ser adquirido pelo valor de R$ 24 (vinte e quatro reais), já com frete incluso, diretamente com a Editora Corifeu, ou por meio do site www.projetu.com.br. A próxima edição deverá ser publicada no mês que vem.

Controle do diabetes exige disciplina e dinheiro no bolso


Da Redação

“Eu descobri que tinha a doença há quatro anos. No início foi a pior barra que já havia enfrentado em minha vida. De um dia para o outro, me deparei com uma série de regras alimentares que tinha de seguir. Cortar gordura, cerveja, não comer doce e não tomar meu refrigerante preferido por causa do açúcar. Na resistia e comia e bebia o que não podia. O resultado, foram dois internamentos de urgência com risco de um infarto fulminante”.
O relato acima é de um homem de 43 anos que possui o diabetes tipo 2, a que faz com que os níveis de glicose no sangue permaneçam altos por causa da incapacidade das células musculares e adiposas de usarem toda a insulina secretada pelo pâncreas. Os níveis de glicemia dele variavam entre 250 mg/dl e 350 mg/dl em jejun e, à noite, depois das refeições, entre 400 mg/dl e 500 mg/dl.
“Não teve jeito. Tive de me render ao regime e hoje não bebo mais, não como nada com açúcar, nem gordura também. Ia morrer. Não sei se os fatores que me levou a fazer isso foram os internamentos. Eu apenas me acostumei com o que como e hoje acho até melhor. Depois de um tempo, você vê realmente que sua comida é mais saudável do que a dos outros que comem de tudo”, disse, rindo.
Mas não é só o controle da doença que é uma barreira para quem tem diabetes. O custo de se controlar a doença é alto. “Hoje eu gasto cerca de R$ 350 todo mês com insulina, agulhas e também seringas para aplicação. Tem também o equipamento [glicosímetro], que comprei por R$ 120, pela internet, e as fitas para medição. São 60 fitas todo mês. Não é todo mundo que pode gastar esse dinheiro só com sua saúde. Têm muitas pessoas que possuem a doença e que ganham apenas R$ 380”.
Estão cadastrados nas unidades de saúde de Vitória da Conquista 2.632 pacientes com diabetes. Todos eles contam com o Ministério da Saúde, que, por meio do Programa Nacional de Atenção a Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus (Hiperdia), desenvolve um conjunto de ações de promoção de saúde, prevenção, diagnóstico, tratamento e capacitação de profissionais.
As ações são desenvolvidas, principalmente, na rede básica. O Ministério da Saúde garante, ainda, assistência farmacêutica aos portadores da doença com a distribuição na rede básica da insulina NPH/100UI e dos medicamentos metformina e glibenclamida. Esses remédios são adquiridos pelas secretarias estaduais e municipais de saúde, por meio do repasse de recursos financeiros do ministério, de acordo com determinação da portaria nº 2.084/2005.
O Dia Mundial do Diabetes foi 14 de novembro. Nas unidades de saúde de Vitória da Conquista foram realizadas atividades de mobilização nas zonas urbana e rural e no Cemae, atividades educativas voltadas para a promoção, prevenção e recuperação da saúde de pessoas com diabetes.

Eleição da presidência do PT decidirá candidato a prefeito da legenda


Mário Bittencourt

Os 2.162 filiados ao Partido dos Trabalhadores (PT) de Vitória da Conquista já estão recebendo em seus endereços residenciais e eletrônicos cartas de apresentação e de pedido de voto dos dois nomes que estão disputando à presidência local da legenda, que será conhecido no dia 2 de dezembro, quando haverá a eleição.
Em ambientes político-institucionais, como a Câmara de Vereadores e a Prefeitura Municipal, pessoas já circulam com adesivos colados nas blusas com os nomes dos candidatos. Em comum entre eles, o desejo de ver o PT com uma nova cara, mais unido e voltado para a defesa de suas antigas bandeiras de luta.
Os filiados da legenda têm duas opções: o vereador Alexandre Pereira, presidente da Câmara, e a secretária Municipal de Saúde, Suzana Ribeiro. Apesar de o vereador dizer que “está buscando a unidade dentro da diversidade”, a disputa pela presidência do PT caminha para o lado inverso.
Quem receber mais votos dos filiados da legenda no dia 2 de dezembro terá grande influência sobre a eleição do candidato a prefeito do PT, a ser realizado em convenção no ano que vem, ou até mesmo em uma prévia. Pereira é pré-candidato e Ribeiro tem o apoio público do deputado federal Guilherme Menezes, que deseja retornar ao cargo que ocupara entre 1997 e 2002.
À primeira vista, quem está saindo na frente é o vereador Alexandre Pereira, pois está sendo apoiado por duas chapas: “Reencantar o PT” e “Construindo um novo Brasil e uma nova Bahia”. “É honroso para mim ter o apoio de duas chapas”, diz o parlamentar, que sintetiza o propósito da chapa: “buscar a democracia interna”.
Liberdade de pensamento e opinião foi o que estava levando Pereira a deixar a legenda em setembro deste ano. Mas o vereador atendeu ao pedido do governador Jaques Wagner de ficar no partido. A conversa foi intermediata pelo deputado estadual Waldenor Pereira, que o apóia para a presidência da legenda e também é pré-candidato a prefeito pelo PT.
Alexandre tem o apoio pessoas influentes no partido, como o superintendente de Desenvolvimento Agropecuário da Bahia, Wilton Cunha, do atual presidente da legenda e secretário de governo, Almir Pereira e do secretário de Agricultura Miro Conceição.
Além de Guilherme Menezes, a secretária de Saúde, Suzana Ribeiro, que concorre pela chapa “A Esperança é Vermelha” tem o apoio do secretário Estadual de Saúde, Jorge Solla. No site oficial de Menezes há declarações de apoio a Susana dele e de Solla, seguidos dos 40 nomes que compõem a chapa e que estão na militância da campanha para eleição do PT.
“Esperamos que a eleição seja realizada da melhor forma. Queremos um partido mais forte e voltado para as causas que sempre lutou ao longo de sua história. Vamos buscar o fortalecimento do PT agora para que possamos chegar unidos para as eleições de 2008”, disse Suzana. Um debate com previsão para ser realizado entre os dias 26 e 29 de dezembro – data ainda não confirmada – será realizado na Câmara Municipal de Vereadores.

Fabricação precisa de blocos garante menos gasto, diz engenheiro


Da Redação

Os custos da construção civil podem ser diminuídos com uma produção eficiente, tanto em quantidade quanto em qualidade, dos blocos de cerâmica. A teoria é do engenheiro civil Alexandre Bertini, segundo o qual o planejamento do trabalho desde a fabricação ajudaria também a minimizar os impactos ambientais.
Bertini, que batizou a nova técnica de fabricação de blocos de cerâmica de “Coordenação Modular”, explica que a prática leva a um maior aproveitamento do material, deixando a construção mais limpa e agradando a clientes e ao mercado imobiliário, em expansão em Vitória da Conquista. “A idéia é muitos simples: é como o brinquedo que fazia sucesso há alguns anos, o Lego. Os materiais são produzidos de forma a se encaixarem, evitando o desperdício”, conta.
Para produzir um bloco cerâmico – diz o engenheiro –, é necessário o gasto de material e de energia. “Não justifica, portanto, que na hora de ser utilizado o bloco precise ser quebrado para se encaixar, inutilizando o restante. Com a Coordenação Modular, cada bloco cerâmico é fabricado de forma a se encaixar nos demais, sem necessidade de quebra. E assim acontece com os demais materiais”, esclarece.
Bertini apresentou o assunto durante a palestra “A Coordenação Modular na Construção: Um Resgate Imprescindível”, no II Encontro de Engenharia Civil, realizado entre os dias 12 e 14 de novembro na Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC) de Vitória da Conquista.
“Os pesquisadores da Coordenação Modular pretendem, em primeiro lugar, inserir esse conceito dentro das faculdades, para que daqui a pouco tempo os profissionais possam começar a projetar de maneira mais eficiente”, explica o doutor Alexandre Bertini.
A prática também influencia no mercado de trabalho para os engenheiros. “O mercado recebe a idéia muito bem: ele quer pagar pouco e ter boa qualidade, assim, o engenheiro que se preocupa com a sustentabilidade do projeto acaba sendo mais eficiente”, adianta.
Para o mestre de Obras José Rocha, no ramo há dez anos, a idéia não cola. “Na tem como fabricar blocos na medida certa porque nunca se sabe o tamanho do pedaço que se vai usar”, disse. Segundo ele, na construção de um andar de um prédio se gasta em média 5 mil blocos. “A perda é de 500 blocos, geralmente”.

Nas fornalhas das carvoarias

Jeremias Macário

Como no tráfico de drogas onde impera a lei do silêncio, o mesmo acontece com a indústria do carvão, vendido para as siderúrgicas de Minas Gerais. Mais de cem caminhões carregados de carvão cortam o sertão do sudoeste todos os dias, passando pelos municípios de Riacho de Santana, Igaporã, Guanambi, Caetité, Brumado, Pindai e Urandi. É de doer o que estão fazendo com as árvores nativas da nossa caatinga, sem que as autoridades tomem as devidas providências. A maioria do transporte é feita com autorizações falsificadas. Não existe controle para impedir tamanha agressão à natureza, e o Ibama faz vistas grosas, na maioria dos casos porque não tem recursos humanos e equipamentos para cobrir toda região.
Nos finais de semana os caminhões de carvão param nos postos de combustíveis das cidades, principalmente Guanambi, na saída para Pindai. Os motoristas ficam esperando pelas autorizações esquentadas de transporte florestal que chegam de Riacho de Santana e até de Barreiras. Existe um “escritório” em Riacho de Santana que comanda toda operação fraudulenta. Com aperto na fiscalização, esteve fora do mercado por um determinado tempo, mas retornou à atividade logo que as coisas se acalmaram. O assunto tem sido debatido em encontros de jornalistas e entre órgãos do governo estadual, mas a situação só fez piorar nos últimos anos. A verdade é que as carvoarias transformam o sertão em fornalhas e nelas trabalham crianças e adultos num regime de escravidão. Por trás desse lucrativo negócio, existe uma máfia perigosa disposta até a matar.
A imprensa local não denuncia o desmatamento para a queima em carvoarias porque não tem proteção e teme ameaças, inclusive de morte. Na capital, o assunto aparece pouco nos jornais, mas logo cai no esquecimento. Com medo, as pessoas na região não querem falar e a destruição continua. O processo das carvoarias se acelera nas épocas de seca como a que está ocorrendo agora no sudoeste. Na falta de um rigor maior por parte dos órgãos ambientais, poucos cumprem a lei do reflorestamento das áreas destruídas.
Além do carvão extraído de árvores como aroeiras, casca-fina, umburanas e outras, as cerâmicas também fazem sua parte na degradação do meio ambiente com a queima de lenha em seus fornos. Os caminhões de carvão e de lenha se cruzam nas estradas, numa desenfreada desertificação da natureza. Só em Caculé, Ibiassucê, e Caetité são mais de 200 unidades que utilizam a lenha para fabricar seus produtos. Num debate em Caetité, um senhor se levantou para denunciar o fato e quase que apanha dos ceramistas. Sem trabalho e com a seca que acabou com as lavouras, tem gente arrancando raízes das árvores para transformá-las em carvão.

Jeremias Macário é jornalista, escritor e membro da diretoria da Associação Bahiana de Imprensa-ABI

Motoristas de vans e Prefeitura em pé de guerra



Da Redação

Oficialmente ainda não foi feito nada. Mas a Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista e a Associação de Condutores de Transporte Complementar de Passageiros da Região de Lagoa das Flores (ASSCON) já estão travando uma batalha oratória sobre o transporte de passageiros para o bairro Lagoa das Flores, em Vitória da Conquista.
Prós e contras há dos dois lados. Enquanto os ônibus demoram cerca de 40 minutos para chegar ao ponto (que fica na Lauro de Freitas, mais abaixo) e o mesmo tempo para chegar ao destino, quebram no meio da estrada, o que atrasa mais ainda a viagem, e não levam mercadorias, como balaios, que as vans levam. E ainda tem a frota, cujos veículos são os mais antigos.
Em contra-partida, dá seguro aos passageiros, em caso de acidente, segue as regulamentações previstas em Lei, garante benefícios aos idosos, portadores de necessidades especiais e estudantes, o que não acontece em sua totalidade no transportes de vans.
Sobre os benefícios e malefícios das vans, quem fala é a pequena agricultora que mora na Lagoa das Flores, Elane de Sousa, 40 anos, usuária corriqueira do transporte: “quando tem uma pessoa doente lá, quem leva são as vans. Elas são a nossa ambulância. Agora, também, o ônibus é mais seguro. As vans são mais rápidas”.
A confusão está armada e tem difícil solução. Deve ir parar mesmo é na Justiça. “Se tiver de ser, vamos fazer isso mesmo. Somos pais de família e precisamos trabalhar. O transporte para a Lagoa das Flores é precário. Ônibus velho que quebra direto e demora em chegar. Nossa associação está registrada, já tem CNPJ. A Prefeitura não pode mais ficar com esse pensamento antigo. Conquista já é grande para ter os dois tipos de transporte. Cidades maiores também têm. Por que aqui não pode ter?”, pergunta o presidente da ASSCON, Erivan dos Santos Silva.
Silva disse que eles estão organizando um protesto. Em uma frase só, fez duas revelações: “Eu votei no PT e estou arrependido”. A ASSCON, atualmente, possui oito associados. O custo da passagem das vans, que leva até 12 passageiros, é o mesmo cobrado pelos ônibus. “Nós aceitamos passe de estudante e reservamos dois lugares para idosos”, garantiu Silva.
A Secretaria Municipal de Infra-estrutura Urbana, Transporte e Trânsito (Simtrans) informou que vai iniciar, a partir deste mês, operações especiais de combate ao que considera “transporte clandestino” em Vitória da Conquista. O objetivo, segundo o Simtrans, é “garantir a segurança da população e a eficiência do transporte público”.
“A medida se faz necessária em função do aumento do transporte irregular de passageiros em algumas áreas da cidade. Com ela, o Governo Municipal busca manter a organização do sistema de transporte coletivo e ampliar a qualidade do serviço prestado à população”, informou a secretária de Transportes, Márcia Pinheiro.
Segundo disse a secretária, as operações serão realizadas pela Simtrans, com a parceria da Polícia Militar, das Polícias Rodoviária Estadual e Federal, da Ciretran e da Agerba.

Educação de Mortugaba será mostrada como modelo em livro do MEC


Max Dayan Barbosa,
de Mortugaba

Embora se verifique ainda deficiência na educação do país, quarenta cidades brasileiras foram escolhidas pelo MEC, pelo Instituto Nacional de Estudos Educacionais Anísio Teixeira (INEP) e por outros órgãos, como esperança de um futuro educacional mais promissor.
Mortugaba, cidade com pouco mais de 13 mil habitantes, no Sudoeste da Bahia, mas de intensas manifestações culturais e produções audiovisuais, é uma delas. A cidade foi indicada a fazer parte de uma pesquisa a qual deverá se transformar em livro, trazendo a receita de sucesso que a fez destaque na educação.
O critério para a escolha dessas cidades, segundo a Pesquisadora das Redes Municipais, que garante o direito a aprendizagem, Mônica Samia, em entrevista a uma radio de Mortugaba, no dia nove de novembro, deve-se ao Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) acima do índice nacional, que é de 3,8.
A cidade obteve 4,3, maior do que cidades como Vitória da Conquista (3,2), e irá representar a Bahia e o Nordeste juntamente com outros seis municípios da região no lançamento do livro em Brasília, em março do ano que vem.
Outro fator relevante levado em conta pelos órgãos ligados a educação, foi a contribuição em melhorias e apoio as iniciativas educacionais oferecidas pelo município, que ainda possui escolas com índices a serem melhorados. “Os desafios e dificuldades também serão dispostos na pesquisa”, destacou Mônica.
Na mesma entrevista à radio, a Secretária Municipal de Educação, Elite Cerqueira Brito e a diretora da Escola Décio Carvalho, que teve destaque na pesquisa, Rosimeire Guimarães Nogueira, também comentaram o desempenho da cidade. Elas atribuíram o IDEB de 4,3, aos esforços dos alunos, à ativa participação dos pais, da comunidade e a dedicação dos professores.

Campanha de vacinação de cães e gatos vai até dezembro


Da Redação

Segue até o dia 7 de dezembro a vacinação de cães e gatos, que desde o dia 26 de outubro foi intensificada na zona rural. O “Dia D” será em 1º de dezembro. Segundo a coordenação de Imunização da Secretaria Municipal de Saúde, o objetivo é vacinar cerca de 44.000 animais de estimação em todo o município, sendo 37.000 na zona urbana e 7.000 na zona rural.
No dia D estarão em funcionamento 53 postos de vacinação para facilitar o acesso à comunidade. Além de todas as unidades de saúde, serão montados postos em praças públicas e escolas. Durante todo o ano, existem dois pontos de vacinação de animais, o Horto Florestal e a Policlínica Ademário Santos, na Avenida Frei Benjamin.
A raiva é uma doença transmissível de animal para animal e de animal para o ser humano. É transmitida através da mordida, arranhões ou lambedura de cães e gatos, e também através de morcegos infectados.
A coordenadora de Imunização, Leila Meira, alerta da importância de vacinar os animais domésticos contra a raiva, uma doença grave que leva o ser humano á morte. “A raiva não tem cura, mas pode ser evitada por meio da vacinação do animal e das pessoas que foram atingidas por ele. Por isso, quem estima seu animal, deve protegê-lo e se proteger, levando-o para vacinar”.

Serra do Periperi será visitada por grupo da Agenda 21 do Distrito Federal

Da Redação

Grupos de Trabalho da Agenda 21 de Planaltina, do Distrito Federal, deverão, em breve, fazer uma visita a Vitória da Conquista para conhecer de perto os locais de desenvolvimento sustentável do município e como estão sendo executadas as atividades de preservação do meio ambiente, especialmente na Serra do Periperi.
Há mais de 40 anos sendo devastada pelo homem, a Serra não é nada apresentável para visitantes de fora, a começar pelo Cristo de Mário Cravo. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA) até que tem se esforçado, mas as crateras na área da Serra deixaram suas marcas difíceis de serem apagadas. São feridas incuráveis por mais que se tente cicatrizá-las.
A SMMA tem projetos e pesquisas para apresentar ao Grupo de Planaltina, como os trabalhos desenvolvidos pelo reflorestamento (plantio de mudas), recuperação, ainda que lenta, do Poço Escuro e o Centro de Triagem de Animais.
O membro da Agenda 21 de Planaltina, Edivaldo Veraldino Freire, esteve em Conquista preparando a vinda do seu Grupo. “A Agenda 21 de Planaltina é um plano estratégico com base em discussões de desenvolviumento sustentável para sua região”, disse.
“Por meio do Consórcio Socioambiental Agenda Sustentável, a Agenda de Planaltina realiza ações de capacitação e de sustentabilidade turística, ambiental e de consultorias para ecoturismo, turismo de aventura, rural, reflorestamento e recuperação de áreas degradadas, de matas ciliares, proteção de nascentes, revitalização de corrégos, gestão de resíduos sólidos e dos recursos renováveis”, informou.

ENTREVISTA: JOSÉ PAULO FERREIRA


“O negro sempre foi desclassificado”

O xapeiro José Paulo Ferreira, 57 anos, analfabeto, é um negro anônimo que não teve acesso a educação de qualidade, trabalha desde criança para ajudar os pais e que se considera um excluído social, como tantos que existem na cidade de Vitória da Conquista. Em seu posto de trabalho, à beira da Rio-Ba, no barulho do tráfego de veículos de todos os tipos, ele conversou com o jornalista Mário Bittencourt sobre sua vida e o que acha do Dia Nacional da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro, sobre o qual ele diz ter ouvido falar de uns cinco anos para cá. Seu José sabe bem o que o negro precisa: mais liberdade. “A liberdade do estudo, do trabalho, ter um bom emprego, ganhar mais. O negro sempre foi desclassificado, enquanto cem dá apoio, mil já não querem nem tomar conhecimento. O negro não está com essa bola toda não. Tem de ralar muito. É só sofrimento e nada chega onde a gente quer”.

O PLANALTOFala um pouco da vida do senhor, seu José.
JOSÉ PAULO FERREIRA – Eu nasci em Vitória da Conquista em 8 de abril de 1950. Minha infância toda foi no serviço, trabalho desde pequeno. Meu pai arrancava pedra e eu ajudava. Hoje a lei cobra para estudar. No meu tempo era ajudar o pai e a mãe, arrancar pedra. Sempre ajudei a família, não tive como estudar.

OPEram quantos na família?
JPF – Era pequena, só eu, meu pai, minha mãe e uma irmã.

OPAinda bem.
JPF – É. A família não era grande como a minha. Eu tenho oito filhos e cincos netos. Têm alguns desempregados. São quatro homens e quatro mulheres.

OP – O senhor já ouviu falar do Dia Mundial da Consciência Negra?
JPF – De uns tempos para cá, tem uns cinco anos.

OP – O que o senhor acha dessa data?
JPF – Acho bom porque fala da liberdade dos negros. Do fim da escravidão. Pra gente é bom.

OP – O senhor acha que o negro tem liberdade hoje?
JPF – Não tem aquela liberdade que era para ter.

OP – Que liberdade?
JPF – A liberdade do estudo, do trabalho. O negro precisa ter um bom emprego, ganhar mais. O negro ganha muito pouco.

OP – Os filhos do senhor estão estudando?
JPF – Estão no primeiro ano, segundo ano. O mais novo tem 18 anos e estuda. Os outros trabalham, alguns estudam também. Tem de estudar para ter aquela placa que fica melhor pra arrumar um emprego, o diploma, né? Pra ler uma coisa na rua, essas coisas.

OP - A esposa do senhor estudou?
JPF – Também não. Ela sempre morou na roça desde pequena e lá o fazendeiro não quer saber de por trabalhador para estudar.

OP – O senhor já teve algum problema por ser negro?
JPF – Não. Graças a Deus que não. Essa liberdade eu tenho.

OP – Que tipo de serviço o senhor faz?
JPF – Já trabalhei muito de servente de pedreiro, pintor, armador. Mas hoje estou fora do mercado por causa da idade. Quando chegar meu tempo vou aposentar.

OP – Toda semana tem feira em casa?
JPF - Tem não. Não passo dificuldades, mas às vezes fico apertado. Uma conta de luz que atrasa, de água. Quem me ajuda são meus filhos. Tem um que faz bico como eu e outro que trabalha na Prefeitura.

OPComo é o trabalho de xapeiro?
JPF – Eu fico aqui esperando carrego. Chega um caminhão de São Paulo, do Rio de Janeiro e aí eu carrego ou descarrego. Mas nem isso está tenho mais hoje.

OPA coluna, não dói não?
JPF – Dói, mas sou obrigado. Quem não tem onde arrumar, tem de dar o jeito. Fazer o que? Eu já fui de pegar 70 kg, 100 kg, 120 kg. Mas hoje não agüento mais. Pego uns 50 kg, no máximo. Já tive duas operações. Uma vez fiquei tão doente que meu peso de 95 kg ficou de 25 kg.

OP O coro e o osso.
JPF - É. Fiquei só o desenho. Hoje eu já parei de fumar. Fumei durante mais de 20 anos. Nunca fui fã de bebida. Mas o cigarro me fez sofrer muito. Depois larguei porque se não me matava.

OPO que o senhor acha que precisa melhorar para o negro, seu José?
JPF – Tudo. O negro sempre foi desclassificado. Enquanto cem dá apoio, mil já não quer nem tomar conhecimento. O negro não está com essa bola toda não. Tem de ralar muito. É só sofrimento e nada chega onde a gente quer.

OPMuito obrigado pela entrevista, seu José.
JPF – Você pode trazer um jornal pra mim quando sair?

OPClaro.
JPF – E você lê pra mim?

OP - Com o maior prazer.
JPF – Vou mostrar para os meus filhos também.

Trânsito no centro da cidade é problemático


Max Dayan Barbosa

Em uma das avenidas mais movimentadas de Vitória da Conquista, a Crescêncio Silveira, os motoristas bem que tentam trafegar pelo local, mas a eles cabe esperar que os donos dos ônibus e carros estacionados em frente a hotéis e churrascarias, retirem seus veículos para que possam continuar viagem. Até os pedestres encontram dificuldade de locomoção, em virtude de barracas de camelôs e tambores de plástico espalhados pela calçada.
O PLANALTO publica a segunda reportagem da série “VAREJO VIVO”, desta vez enfocando as mudanças no trânsito do centro comercial em Vitória da Conquista, em especial nas praças da Bandeira e Nove de Novembro; nas travessas dos Artistas e Adriano Bernardes e nas ruas Ernesto Dantas, Francisco Santos e Sete de Setembro. Foram ouvidos lojistas, motoristas e monitores de trânsito, os quais falaram sobre falta de segurança, espaço e estacionamento nos três últimos locais citados.
Não é uma cidade tão grande assim, mas o centro comercial de Vitória da Conquista se garante quando o assunto é espaço reduzido para estacionar. “O cliente que deseja ir a uma loja, tem uma tarefa árdua pela frente, no mínimo quatro, cinco vezes circulando até achar uma vaga”, relata a estudante de psicologia Aline Franco Gusmão. Ela afirma não ter encontrado espaço para estacionar o seu carro na rua Ernesto Dantas e a solução foi procurar em outro local.
Na tentativa de amenizar o problema da falta de vagas para os carros, foi implantado a Zona Azul, sistema que pretende garantir a rotatividade dos veículos estacionados nas ruas da cidade. Segundo a monitora de trânsito Eliane Almeida Silva, são cerca de cem por dia, somente na Francisco Santos, local onde trabalha. A taxa cobrada aos motoristas é de R$1,20, que garante a permanência do veículo durante duas horas.
Os problemas atribuídos a Ernesto Dantas vão além da falta de estacionamento. Joseane Almeida Oliveira, representante de uma loja de confecções da rua, aponta a insegurança como um dos agravantes. Segundo ela já houve vários assaltos durante o dia no local, em frente e dentro da loja onde trabalha há quatro anos. “Outra deficiência são as bocas de lobo, as quais não comportam a quantidade de água que desce com a chuva, alaga a rua e invade a lojas”, conclui Joseane.
Nas ruas Sete de Setembro e Francisco Santos os problemas se repetem, garante Ivanilda Silva Pereira gerente de uma Ótica e a vendedora Gabriela da Silva Machado. “As ruas já são bastante estreitas e diminuem ainda mais com a presença dos carros estacionados, que por muitas vezes se tornam um perigo a segurança de todos. Motoristas trafegam em alta velocidade podendo ocasionar acidentes”.
Elas apontam também as calçadas em má conservação e sem rampas como questão a ser pensada para garantir que as pessoas possam andar tranquilamente pelo centro comercial, em especial os portadores de necessidades físicas e dizem que o ideal seria padronizar as calçadas, nívelá-las e transformá-las em alamedas.
Como foi mostrado pelo jornal “O Planalto” na primeira reportagem da série sobre mudanças na infra-estrutura do centro comercial em vitória da Conquista, há muito a ser feito. Acomodar dezenas de ambulantes em um local onde todos se sintam satisfeitos; concertar calçamentos e refazer o sistema de escoamento de água da chuva; adaptar a cidade aos deficientes físicos; desafogar o trânsito, as ruas estreitas do comércio e fazer com que haja segurança na hora de ir às compras.
Na terceira reportagem da série “VAREJO VIVO” o assunto abordado será a segurança nas zonas comerciais. Tão importante quanto às demais obras que precisam ser feitas, a segurança no centro da cidade também é um dos pontos que precisam ser melhor aperfeiçoados em Vitória da Conquista.