Da Redação
O pastor evangélico Cláudio Emídio Neto, preso pela Polícia Federal (PF) em sua casa na cidade de Petrolina (PE), há cerca de um mês, por posse e venda de material cirúrgico falsificado – próteses e órteses –, além de material ortopédico de procedência ignorada e sem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), pode ter vendido seus produtos em Vitória da Conquista.
Emídio, que, segundo informações de pessoas que se relacionaram com ele na época em que residiu na cidade, entre 2002 e 2006, tinha um escritório na avenida Presidente Dutra e sua empresa, cujo nome não foi divulgado, não tinha registro da Anvisa, segundo a PF. Emídio, de acordo com pastores da Comunidade Deus Vivo e da Comunidade Cristã, congregou por dois anos em cada uma dessas instituições religiosas.
Os pastores pediram sigilo dos nomes por temerem prejuízo às suas pessoas e as instituições as quais representam. Eles informaram que Emídio não transmitia desconfiança, mas que, com o decorrer dos anos foi gerando insatisfações dentro das comunidades, o que provocou o seu afastamento.
Um membro da Comunidade Cristã, que tem sede no bairro Candeias, aceitou gravar entrevista com a condição de que seu nome fosse mantido em sigilo. Segundo disse, Emídio era amigo do médico Carlos Eduardo Ferreira, do Instituto de Traumato-Ortopedia e pode ter enganado o profissional ao vender as próteses falsificadas.
Procurado por duas vezes, o médico informou, por meio de sua secretária, de pré-nome Talita, que não poderia atender porque tinha de fazer atendimentos e dar aulas. O contato do jornal foi deixado com a secretária para que o médico desse retorno ao pedido de entrevista, mas até o fechamento desta edição não foi dado resposta.
ENTREVISTA
“Ele dizia que representava e distribuía”
A notícia da prisão de Cláudio Emídio Neto abalou a comunidade cristã evangélica, que ficou sabendo do fato por meio da internet. Todos os evangélicos que conversaram com o jornal O PLANALTO preferiram guardar sigilo e apenas um gravou entrevista. Aqui, ele será chamado de Ivo, que diz ser da Comunidade Cristã.
O PLANALTO – Que tipo de contato você teve com o pastor Cláudio Emídio Neto?
IVO – Eu congrego na comunidade desde o ano 2000 e ele começou a aparecer por meio do contato do pastor Evandro Trindade. Na época, houve um pastor que se desligou de lá porque não concordava com ele [Emídio]. Era um homem que tinha posses. Começou como membro e depois passou a ser pastor. Ele teve total privilégio para conduzir o rebanho. Disseram para a gente confiar nele, que já era revendedor de prótese e tinha uma amizade muito interessante com o médico Carlos [Eduardo Ferreira].
OP – Você sabia dessas próteses?
IVO – Uma vez ele me convidou para fazer viagens de vendas. Mas as vendas eram feitas mais pela internet. Nós entrávamos na casa dele. Uma pessoa ou outra indagava se ele fazia próteses e ele dizia que representava e distribuía. Ele era sem identidade, não se permitia fotografar. Deram muita confiança a uma pessoa que ninguém nunca viu. Ele negava o dízimo, não cobrava. Era contra o PT e chegou a afirmar que qualquer estrela de cinco pontas era do diabo.
OPERAÇÃO METALOSE
Material falsificado leva a amputação de membros
A Polícia Federal e a Anvisa desencadearam as investigações sobre a falsificação de próteses ortopédicas fabricadas sem higiene ou segurança no fim do ano passado em 12 cidades de quatro Estados brasileiros.
Foram expedidos 26 mandados de busca e apreensão e cinco pessoas já foram presas: quatro em São Paulo e uma em Pernambuco. De acordo com o delegado José Navas Jr., chefe da investigação, as próteses eram produzidas em ambientes sem a menor condição sanitária. “Eram verdadeiras fundições”, disse.
O esquema funcionava de forma simples. Fábricas de produtos médicos, sem registro para produzir próteses, contratavam essas fundições para fazê-las em seu lugar. Normalmente longe dos grandes centros urbanos, essas fábricas de fundo de quintal não levantavam suspeitas.
A operação da PF, denominada de “Operação Metalose” descobriu que algumas delas anunciavam seus produtos pela internet e chegaram a exportar as próteses falsificadas. Naves explica que, na maioria das vezes, o processo todo acontecia com a concordância de médicos e das empresas de distribuição de produtos hospitalares. O delegado não quis divulgar o nome das empresas falsificadoras para não atrapalhar as investigações.
Os implantes deveriam durar até 15 anos. Em menos de cinco, no entanto, uma reação chamada metalose (rejeição do organismo ao metal) corroía os ossos e as próteses de titânio colocadas nos pacientes. A conseqüência para muitos deles: amputação de uma perna ou um braço.
A adulteração e a falsificação de produtos sujeitos à vigilância sanitária é crime hediondo contra a saúde pública. Os indiciados podem ser condenados a penas de dez a 15 anos de prisão.
O pastor evangélico Cláudio Emídio Neto, preso pela Polícia Federal (PF) em sua casa na cidade de Petrolina (PE), há cerca de um mês, por posse e venda de material cirúrgico falsificado – próteses e órteses –, além de material ortopédico de procedência ignorada e sem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), pode ter vendido seus produtos em Vitória da Conquista.
Emídio, que, segundo informações de pessoas que se relacionaram com ele na época em que residiu na cidade, entre 2002 e 2006, tinha um escritório na avenida Presidente Dutra e sua empresa, cujo nome não foi divulgado, não tinha registro da Anvisa, segundo a PF. Emídio, de acordo com pastores da Comunidade Deus Vivo e da Comunidade Cristã, congregou por dois anos em cada uma dessas instituições religiosas.
Os pastores pediram sigilo dos nomes por temerem prejuízo às suas pessoas e as instituições as quais representam. Eles informaram que Emídio não transmitia desconfiança, mas que, com o decorrer dos anos foi gerando insatisfações dentro das comunidades, o que provocou o seu afastamento.
Um membro da Comunidade Cristã, que tem sede no bairro Candeias, aceitou gravar entrevista com a condição de que seu nome fosse mantido em sigilo. Segundo disse, Emídio era amigo do médico Carlos Eduardo Ferreira, do Instituto de Traumato-Ortopedia e pode ter enganado o profissional ao vender as próteses falsificadas.
Procurado por duas vezes, o médico informou, por meio de sua secretária, de pré-nome Talita, que não poderia atender porque tinha de fazer atendimentos e dar aulas. O contato do jornal foi deixado com a secretária para que o médico desse retorno ao pedido de entrevista, mas até o fechamento desta edição não foi dado resposta.
ENTREVISTA
“Ele dizia que representava e distribuía”
A notícia da prisão de Cláudio Emídio Neto abalou a comunidade cristã evangélica, que ficou sabendo do fato por meio da internet. Todos os evangélicos que conversaram com o jornal O PLANALTO preferiram guardar sigilo e apenas um gravou entrevista. Aqui, ele será chamado de Ivo, que diz ser da Comunidade Cristã.
O PLANALTO – Que tipo de contato você teve com o pastor Cláudio Emídio Neto?
IVO – Eu congrego na comunidade desde o ano 2000 e ele começou a aparecer por meio do contato do pastor Evandro Trindade. Na época, houve um pastor que se desligou de lá porque não concordava com ele [Emídio]. Era um homem que tinha posses. Começou como membro e depois passou a ser pastor. Ele teve total privilégio para conduzir o rebanho. Disseram para a gente confiar nele, que já era revendedor de prótese e tinha uma amizade muito interessante com o médico Carlos [Eduardo Ferreira].
OP – Você sabia dessas próteses?
IVO – Uma vez ele me convidou para fazer viagens de vendas. Mas as vendas eram feitas mais pela internet. Nós entrávamos na casa dele. Uma pessoa ou outra indagava se ele fazia próteses e ele dizia que representava e distribuía. Ele era sem identidade, não se permitia fotografar. Deram muita confiança a uma pessoa que ninguém nunca viu. Ele negava o dízimo, não cobrava. Era contra o PT e chegou a afirmar que qualquer estrela de cinco pontas era do diabo.
OPERAÇÃO METALOSE
Material falsificado leva a amputação de membros
A Polícia Federal e a Anvisa desencadearam as investigações sobre a falsificação de próteses ortopédicas fabricadas sem higiene ou segurança no fim do ano passado em 12 cidades de quatro Estados brasileiros.
Foram expedidos 26 mandados de busca e apreensão e cinco pessoas já foram presas: quatro em São Paulo e uma em Pernambuco. De acordo com o delegado José Navas Jr., chefe da investigação, as próteses eram produzidas em ambientes sem a menor condição sanitária. “Eram verdadeiras fundições”, disse.
O esquema funcionava de forma simples. Fábricas de produtos médicos, sem registro para produzir próteses, contratavam essas fundições para fazê-las em seu lugar. Normalmente longe dos grandes centros urbanos, essas fábricas de fundo de quintal não levantavam suspeitas.
A operação da PF, denominada de “Operação Metalose” descobriu que algumas delas anunciavam seus produtos pela internet e chegaram a exportar as próteses falsificadas. Naves explica que, na maioria das vezes, o processo todo acontecia com a concordância de médicos e das empresas de distribuição de produtos hospitalares. O delegado não quis divulgar o nome das empresas falsificadoras para não atrapalhar as investigações.
Os implantes deveriam durar até 15 anos. Em menos de cinco, no entanto, uma reação chamada metalose (rejeição do organismo ao metal) corroía os ossos e as próteses de titânio colocadas nos pacientes. A conseqüência para muitos deles: amputação de uma perna ou um braço.
A adulteração e a falsificação de produtos sujeitos à vigilância sanitária é crime hediondo contra a saúde pública. Os indiciados podem ser condenados a penas de dez a 15 anos de prisão.