
Juscelino Souza, do A TARDE
O recém-nascido David Rian Moreira Oliveira, de apenas 39 dias, conseguiu ontem uma vaga na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Esaú Mattos, em Vitória da Conquista (509 quilômetros de Salvador), no final da tarde desta quinta-feira, dia 03. David sofre de um quadro grave de refluxo gastroesofágico, desnutrição e o que os médicos chamam de esôfago fechado.
O drama da criança, internada desde o dia 26 de dezembro, comoveu médicos, enfermeiros e funcionários do Hospital Pediátrico de Conquista (Hospec). Até o começo desta tarde, as únicas unidades que oferecem atendimento especializado para o caso de David, a UTI Neonatal do Hospital Municipal Esaú Matos e a UTI do Hospital Estadual de Base não tinham vagas disponíveis para atendê-lo.
Os médicos e diretores do Hospec informam que geraram quatro relatórios sobre o quadro clínico da criança, mas que todos os pedidos de internamento foram negados por falta de vaga. Como não consegue reter a alimentação no estômago, o bebê perde peso a cada dia e no último final de semana sofreu parada cardíaca.
O bebê nasceu com 3,150 quilos, mas quando deu entrada no Hospec pesava 2,650 quilos. Nessa quinta-feira, 3, estava com apenas 2,5 quilos, quando o peso ideal para sua idade varia entre 3,8 quilos e 4 quilos, segundo a enfermeira Gabriela Amaral.
O coordenador de enfermagem do Hospec, Carlos Alberto Andrade, lamenta o quadro vivido pela saúde por conta da falta de vagas e atribui parte da culpa à crescente demanda em detrimento do estrangulamento da rede pactuada. O exemplo está na própria unidade onde trabalha.
O Hospec, gerido por uma cooperativa de médicos e funcionários, dispõe de apenas 50 leitos, mas com capacidade para outros 50. Mesmo operando no limite, o hospital jamais recusou paciente e chega a atender mais do que permite a cota mensal de 210 Autorizações de Internamento Hospitalar (AIH).