Mário Bittencourt
A mídia eletrônica paulista e carioca informa que ele é de difícil acesso e não gosta de dar entrevistas. Essa foi a única informação que tive sobre Cláudio Assis (foto), diretor dos premiados “Amarelo Manga” e “Baixio das Bestas”, exibido na Mostra Cinema Conquista, no dia 21.
Assis estava no cronograma de pessoas a serem entrevistadas por O PLANALTO, e quem ficou encarregado de entrevistá-lo foi eu. No dia 21 fui um pouco mais cedo para o Centro de Cultura Camilo de Jesus Lima para ver se conseguia mais algumas informações sobre aquele que seria o meu entrevistado. Não obtive alguma.
Então fiz a única coisa que me cabia: esperar ele chegar e tentar uma aproximação. Depois de cerca de uma hora chegam EryK Rocha, filho de Glauber, e Cláudio Assis, acompanhados de Sofia Mídian, jornalista formada pela Uesb que enveredou de vez pelo caminho da sétima arte. E está se dando bem.
Quando tentei me aproximar, Assis disse alguma coisa de pé de ouvido para Érik e saiu. Mas não demorou. Vi aquela figura magrela, de preto dos pés a cabeça e pensei: vou encostar.
- E aí Claudião, tudo bom?
Ele me olhou com uma cara de quem você e antes que ele o pensamento se transformasse em pergunta eu me apresentei e disse que gostaria de fazer uma entrevista.
- Eu e Eryk vamos, depois daqui, para um bar. Se você quiser ir e fazer a entrevista lá, pode.
- Combinado.
Entramos todos para ver os curtas “Augusto na Praia”, de Rafael Eiras, um filme de 10 minutos que mostra pouco de nada, e “Yansan”, de Eduardo Nogueira, um filme de ficção em que os nomes dos personagens (desenhos mangás) é dos deuses orixás da religiosidade afro. “Yansan” conta as aventuras amorosas da orixá Yansã com Ogum e Xangô.
“Baixio das Bestas” conta a realidade da zona da mata pernambucana onde está instalada, desde que o Brasil é Brasil, a monocultura da cana de açúcar. Mostra um arraial onde há mais adultos e velhos que pessoas jovens, todos sem perspectiva de algum tipo de ascensão social.
O filme mostra toda essa realidade por meio da estória de uma jovem de 13 anos explorada pelo pai-avô, que a exibe nua todas as noites em troca de dinheiro para caminhoneiros e outros homens do pequeno lugar; e também da vida que levam os “agroboys” – playbois da zona rural –, os quais levam um tipo de vida semelhante às criaturas insanas de alta renda que há nas médias e grandes cidades (incluindo Vitória da Conquista).
Mais que o filme, me empolgava a entrevista que iria fazer. Afinal, não era qualquer diretor que estava ali. Cláudio Assis ganhou 22 prêmios em sua curta carreira de diretor de cinema. Onze deles com o longa metragem “Amarelo Manga”.
Quando “Baixio das Bestas” terminou fiquei na expectativa de um comentário. Mas o diretor do filme tinha saído e ninguém sabia onde ele estava. Depois de uns dez minutos ele aparece – estava vendo o jogo entre Brasil x Uruguai. Algumas pessoas voltaram para conversar com Assis, que deu explicações sobre o filme e saiu um pouco chateado com a opinião de um anônimo estudante sobre seu filme.
- Para alguém dizer que meu filme transmite o pensamento da elite só pode não ter entendido nada – disse, enquanto caminhávamos para o bar. Eu e Euclides, o famoso “Pindaí”, concordamos.
Na chegada ao bar, Assis quis saber da sua água de coco e do seu wisk, que haviam sido retirados da mesa onde estava mais cedo. Depois de um tempo, os líquidos foram devolvidos. Lá no bar estavam já, desde cedo, Sofia e Eryk. Depois chegaram Gil Brito (chargista de O PLANALTO), Ésmon Primo e o professor Zé Duarte.
Papo vai, papo vem, eu pergunto para Assis se ele não pensou em um determinado momento mostrar os exploradores – donos de fazendas de cana de açúcar e usineiros – no filme. Tranqüilo, ele diz que não.
As conversas fluem, entre um gole e outro. Cerveja, wisk e caipirinha era o que molhava a goela de quem estava na mesa. Cada um com seu cada qual. Aos poucos vou desfazendo a imagem que a mídia paulista e carioca me transmitiu de Assis, uma pessoa totalmente aberta a conversas com qualquer pessoa, desde que sejam interessantes os assuntos.
Assim foi durante toda a noite. Já não confiava nos rótulos que as mídias paulista e carioca costuma colocar nos artistas de outros locais. Rótulos esses que fazem da imagem dessas pessoas verdadeiros enigmas a serem decifrados. A entrevista com Assis? Ficou para outro dia...
A mídia eletrônica paulista e carioca informa que ele é de difícil acesso e não gosta de dar entrevistas. Essa foi a única informação que tive sobre Cláudio Assis (foto), diretor dos premiados “Amarelo Manga” e “Baixio das Bestas”, exibido na Mostra Cinema Conquista, no dia 21.
Assis estava no cronograma de pessoas a serem entrevistadas por O PLANALTO, e quem ficou encarregado de entrevistá-lo foi eu. No dia 21 fui um pouco mais cedo para o Centro de Cultura Camilo de Jesus Lima para ver se conseguia mais algumas informações sobre aquele que seria o meu entrevistado. Não obtive alguma.
Então fiz a única coisa que me cabia: esperar ele chegar e tentar uma aproximação. Depois de cerca de uma hora chegam EryK Rocha, filho de Glauber, e Cláudio Assis, acompanhados de Sofia Mídian, jornalista formada pela Uesb que enveredou de vez pelo caminho da sétima arte. E está se dando bem.
Quando tentei me aproximar, Assis disse alguma coisa de pé de ouvido para Érik e saiu. Mas não demorou. Vi aquela figura magrela, de preto dos pés a cabeça e pensei: vou encostar.
- E aí Claudião, tudo bom?
Ele me olhou com uma cara de quem você e antes que ele o pensamento se transformasse em pergunta eu me apresentei e disse que gostaria de fazer uma entrevista.
- Eu e Eryk vamos, depois daqui, para um bar. Se você quiser ir e fazer a entrevista lá, pode.
- Combinado.
Entramos todos para ver os curtas “Augusto na Praia”, de Rafael Eiras, um filme de 10 minutos que mostra pouco de nada, e “Yansan”, de Eduardo Nogueira, um filme de ficção em que os nomes dos personagens (desenhos mangás) é dos deuses orixás da religiosidade afro. “Yansan” conta as aventuras amorosas da orixá Yansã com Ogum e Xangô.
“Baixio das Bestas” conta a realidade da zona da mata pernambucana onde está instalada, desde que o Brasil é Brasil, a monocultura da cana de açúcar. Mostra um arraial onde há mais adultos e velhos que pessoas jovens, todos sem perspectiva de algum tipo de ascensão social.
O filme mostra toda essa realidade por meio da estória de uma jovem de 13 anos explorada pelo pai-avô, que a exibe nua todas as noites em troca de dinheiro para caminhoneiros e outros homens do pequeno lugar; e também da vida que levam os “agroboys” – playbois da zona rural –, os quais levam um tipo de vida semelhante às criaturas insanas de alta renda que há nas médias e grandes cidades (incluindo Vitória da Conquista).
Mais que o filme, me empolgava a entrevista que iria fazer. Afinal, não era qualquer diretor que estava ali. Cláudio Assis ganhou 22 prêmios em sua curta carreira de diretor de cinema. Onze deles com o longa metragem “Amarelo Manga”.
Quando “Baixio das Bestas” terminou fiquei na expectativa de um comentário. Mas o diretor do filme tinha saído e ninguém sabia onde ele estava. Depois de uns dez minutos ele aparece – estava vendo o jogo entre Brasil x Uruguai. Algumas pessoas voltaram para conversar com Assis, que deu explicações sobre o filme e saiu um pouco chateado com a opinião de um anônimo estudante sobre seu filme.
- Para alguém dizer que meu filme transmite o pensamento da elite só pode não ter entendido nada – disse, enquanto caminhávamos para o bar. Eu e Euclides, o famoso “Pindaí”, concordamos.
Na chegada ao bar, Assis quis saber da sua água de coco e do seu wisk, que haviam sido retirados da mesa onde estava mais cedo. Depois de um tempo, os líquidos foram devolvidos. Lá no bar estavam já, desde cedo, Sofia e Eryk. Depois chegaram Gil Brito (chargista de O PLANALTO), Ésmon Primo e o professor Zé Duarte.
Papo vai, papo vem, eu pergunto para Assis se ele não pensou em um determinado momento mostrar os exploradores – donos de fazendas de cana de açúcar e usineiros – no filme. Tranqüilo, ele diz que não.
As conversas fluem, entre um gole e outro. Cerveja, wisk e caipirinha era o que molhava a goela de quem estava na mesa. Cada um com seu cada qual. Aos poucos vou desfazendo a imagem que a mídia paulista e carioca me transmitiu de Assis, uma pessoa totalmente aberta a conversas com qualquer pessoa, desde que sejam interessantes os assuntos.
Assim foi durante toda a noite. Já não confiava nos rótulos que as mídias paulista e carioca costuma colocar nos artistas de outros locais. Rótulos esses que fazem da imagem dessas pessoas verdadeiros enigmas a serem decifrados. A entrevista com Assis? Ficou para outro dia...
Nenhum comentário:
Postar um comentário